Stablecoins alcançam recorde em setembro e mercado ultrapassa US$ 300 bi
O mercado de stablecoins acabou de dar um passo gigante, atingindo a marcação de US$ 300 bilhões pela primeira vez em setembro de 2025. Esse crescimento é impressionante, com mais de US$ 100 bilhões adicionados só este ano. As stablecoins estão se consolidando como uma das classes de ativos digitais que mais cresce no cenário financeiro global.
Quando olhamos para a distribuição de participação, a Tether (USDT) lidera com 61,8%, somando mais de US$ 150 bilhões. A Circle (USDC) também está se destacando, alcançando cerca de US$ 145 bilhões em valor de mercado. Essa concentração mostra como o setor está amadurecendo, com os principais projetos mantendo sua liderança principalmente graças à aceitação institucional e às regras regulatórias que estão sendo estabelecidas.
Em termos de movimentação, o volume de transações mensais nas stablecoins atingiu US$ 1,39 trilhão. Isso não só indica um crescimento na capitalização, mas também que essas moedas estão sendo ativamente utilizadas. Especialistas acreditam que, até 2030, as stablecoins podem ser responsáveis por 5% a 10% de todos os pagamentos transfronteiriços, movimentando entre US$ 2,1 trilhões e US$ 4,2 trilhões anualmente. Isso coloca as stablecoins como um elemento crucial para a infraestrutura financeira mundial.
Além disso, estão surgindo inovações que estão mudando a cara do mercado. As yield-bearing stablecoins, por exemplo, oferecem retornos passivos para seus detentores, utilizando estratégias como delta-neutral e a tokenização de ativos do mundo real. A JPMorgan prevê que esse tipo de stablecoin poderá alcançar uma participação de mercado de 50% nos próximos anos, transformando a forma como tanto investidores quanto instituições veem esses ativos.
Outra inovação que merece destaque é a tokenização de ativos do mundo real (RWA). O mercado está em expansão, e as stablecoins atreladas a moeda fiduciária avançaram de US$ 97 bilhões em 2025 para US$ 224,9 bilhões. Os títulos tokenizados do Tesouro também estão crescendo, com a BlackRock sendo uma das instituições que abraçou essa mudança.
A aceitação dessas moedas por parte das instituições financeiras está aumentando muito, especialmente com a clareza das regras trazidas por iniciativas como o GENIUS Act nos Estados Unidos. Uma pesquisa revelou que 54% das empresas planejam começar a usar stablecoins em até um ano. Neste momento, cerca de 13% já utilizam, principalmente para pagamentos internacionais.
Outra pesquisa mostrou que 86% das instituições financeiras estão prontas para trabalhar com stablecoins. Grandes empresas, como Goldman Sachs e BNY Mellon, já deram passos em direção a fundos tokenizados este ano. A Standard Chartered acredita que o mercado pode, em breve, se expandir dez vezes, alcançando mais de US$ 2 trilhões.
Essa expansão está se desenrolando em um cenário de crescente competição geopolítica. A China, por exemplo, lançou uma stablecoin regulamentada que é vinculada ao yuan internacional (CNH), chamada AxCNH, visando facilitar transações com países da Iniciativa Belt and Road. Essa estratégia busca internacionalizar o uso do yuan por meio da tecnologia blockchain.
No Brasil, o clima é parecido. Com cinco versões de stablecoins atreladas ao real já disponíveis, as autoridades estão avaliando maneiras de usar essas moedas para aumentar a demanda por títulos do Tesouro. Eles estão considerando como isso poderia ajudar a diminuir os custos da dívida pública e ampliar a base de investidores.
O impacto das stablecoins no sistema financeiro tradicional não pode mais ser ignorado. Elas se tornaram um dos principais compradores de títulos do Tesouro americano, com a Tether adquirindo mais de US$ 120 bilhões em T-Bills, que representa cerca de 1,6% do mercado de dívida de curto prazo dos EUA. Isso está influenciando diretamente as taxas de juros americanas, mostrando como os ativos digitais afetam as políticas monetárias convencionais.
Setembro de 2025 foi um divisor de águas para as stablecoins. As novas regulamentações, inovações técnicas e a ampla aceitação institucional criaram um ambiente propício para o crescimento que estamos observando agora.